Inflação oficial pode ter peso diferente no bolso: é a inflação pessoal
IPCA mede custo de vida em 9 regiões metropolitanas, Brasília e Goiânia. Preços de mais de 400 produtos e serviços são pesquisados.
O índice oficial de inflação do ano passado foi divulgado ontem - e deixou muito brasileiro intrigado.
Pessoas que sentiram um peso maior do que os 6,29%.
Toda vez que sai um índice que mede os preços, a Eliana pensa:
“Essa a inflação que eles estão mostrando não é a real.” diz Eliana Oncken, auxiliar administrativa.
É que há diferenças. O índice usado oficialmente para medir a inflação – o IPCA - fechou em 6,29% em 2016, mas em casa, fazendo as contas, a sensação é que a gente gastou muito mais do que isso.
“Esses índices são bons indicadores, mas não necessariamente vão refletir o que efetivamente foi a sua inflação, ou seja, o quanto que eu estou tendo que gastar a mais este ano do que eu gastava no ano passado para fazer as mesmas coisas, para manter o meu padrão de vida”, explica Fernando Marcondes, planejador patrimonial – GGR.
É tudo uma questão de metodologia. O IPCA é medido todo mês pelo IBGE desde a década de 1980.
Os pesquisadores anotam os preços cobrados à vista em produtos e serviços em diversos estabelecimentos.
Esse indicador mede o custo de vida de famílias que ganham mensalmente de um a 40 salários mínimos, ou seja, de R$ 937 até R$ 37.480. A pesquisa é feita em nove regiões metropolitanas, além das cidades de Brasília e Goiânia.
Essa inflação oficial sai de uma cesta de mais de 400 produtos e serviços, como alimentos, plano de saúde, educação e transporte.
Por exemplo, quem tem carro, vai sentir mais o aumento da gasolina, mas não será afetado pelo aumento nas tarifas do transporte público.
Para quem tem filho em escola particular, pesa mais o aumento nas mensalidades. Quem tem casa própria, não será afetado pelo reajuste do aluguel.
E quem gosta de feijão, por exemplo, vai ter mais dificuldade para comprar o produto, em época de colheita ruim.
O consumo é muito particular. Por isso, cada família tem a sua própria inflação e sente o peso da alta dos preços de um jeito.
O que os especialistas em orçamento doméstico recomendam é copiar o método do IBGE na sua casa: anote todos os seus gastos e repita isso, todo mês, assim, você vai saber o que subiu mais, e o que caiu, ou seja, qual foi a sua inflação.
“O que você tem que somar é: o quanto que eu gastei total no ano, versus o que eu gastei no ano passado. Divide um pelo outro, essa foi a sua inflação”.
A inflação da Eliana estava pesando. Ela arrumou um novo emprego e está até ganhando mais. Mesmo assim, não vai parar de controlar os gastos.
“Eu tenho bastante noção do que eu preciso gastar, do que eu posso gastar. Eu nunca fico devedora, eu sei até onde eu posso ir, até onde eu posso gastar”.