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Foto do escritorLuis Fernando Marcondes - Fefo

O que não fazer com seus investimentos



Certa vez, um conhecido me afirmou que nesse momento de instabilidade política e econômica que vivemos o melhor investimento é colocar tudo o que tem em títulos do tesouro atrelados a inflação, ou seja, investir tudo o que tem em NTN-B com vencimentos a longo prazo. Sua teoria era ter o investimento mais conservador possível esperando até o vencimento de cada um dos títulos.

No mundo financeiro, esse tipo de decisão é tão terrível quanto a automedicação para uma séria enfermidade.

Em uma coisa essa pessoa fica com a razão, a situação atual (juros altíssimos, inflação passando dos 10% e PIB negativo ano após ano) deixa todos sem saber o que fazer com seu dinheiro e uma pressão enorme em fazer algo, pois deixar dinheiro parado é ser devorado pela perda do poder aquisitivo.

Muitos vão para os juros altos buscando a fácil rentabilidade acima dos 14% ao ano, mas o que todos esquecem é deduzir a inflação. A oficial é o IPCA que está girando em torno dos 10% ao ano. Espere um momento... A inflação de uma pessoa que mora na cidade de São Paulo é de 10% ao ano? Quem mora em São Paulo ou em algumas outras capitais tem notado que alguns de seus produtos prediletos nos supermercados que sempre vão subiram mais de 20% em 2015. E os restaurantes que sempre íamos? Esses subiram muito! Bem mais que o IPCA que usamos para nossos investimentos. Ou seja, a pessoa que estava tranquila com todo seu patrimônio financeiro rendendo nominalmente ao redor dos 14% ao ano, pode ter certeza que na melhor das hipóteses está tendo um rendimento real próximo de zero. Isso é proteção? Claro que não.

Vamos voltar ao exemplo do meu conhecido que estava para colocar tudo em NTN-B. Será que está sendo conservador? Mal sabe ele que está sendo ultra agressivo, tão quanto um jogador no cassino já na aposta do tudo ao nada. Isso porque renda fixa, ao contrário que muitos pensam, tem uma volatilidade em seu preço diário semelhante ao de uma ação. Se precisar vender esse titulo antes de seu “longo” vencimento, o mercado dirá quanto ele vale, e sim pode valer muito menos do preço original.

Então o que fazer? Regra número 1, não se automedique – procure um profissional. Segundo, quanto maior sua diversificação, maior sua exposição a diferentes classes de ativos que trarão seu rendimento esperado (mais de 90% do rendimento vem do simples fato de estar diversificado). Terceiro, saber exatamente onde investir dentro das diferentes classes de ativos.

Por fim, o mais importante de tudo: sua rentabilidade esperada é derivada de sua liberdade de diversificação. Ou seja, um profundo trabalho no planejamento financeiro seu e de sua família irá dizer o quanto de liberdade você tem para diversificar.

E fica a frase para reflexão: não espere que seus investimentos o deixarão rico – o OBJETIVO de investir é permanecer rico protegendo o poder aquisitivo de seu patrimônio financeiro. Não acredite em milagres financeiros, pois a maturidade nessa área lhe mostrará que isso não existe.

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